sábado, 19 de fevereiro de 2011

A fúria do corpo - João Gilberto Noll.


Sempre que eu ler João Gilberto Noll me lembrarei de um professor que eu adorava na faculdade. Segundo esse professor, Noll pode ser considerado um dos melhores escritores brasileiros da atualidade. Afirmação justa. Já li e reli Noll, e sempre a leitura me prende como se fosse a primeira vez. Tudo na literatura dele é diferente, nada é definido e nada é definitivo. Em A Fúria do Corpo, o personagem que se recusa a dizer seu nome nos convida a percorrer com ele as ruas de um Rio de Janeiro que não o mostrado nas novelas da Rede Globo. No entanto não se trata de uma literatura de crítica social, do tipo literatura engajada. Trata-se da condição do ser humano, essa condição de errante, de estar sempre indo para algum lugar, e ainda assim, com essa sensação de estar sempre perdido. Noll nos prova que se pode fazer literatura (e boa literatura) sem grandes argumentos, afinal, estamos diante de um personagem sem nome, confuso, que mal sabe quem ele é. Um personagem que vaga, divaga, e sujeita o seu corpo às mais diversas situações. Corpo e alma compõe esse personagem que, mesmo sem nome, é de uma complexidade fascinante. O corpo em sua fúria desvenda a natureza humana. Corpo que justamente por não ter nome, pode ser de qualquer um de nós. Corpo que fala, e usa de uma linguagem capaz de chocar o leitor acostumado a uma literatura mais domesticada. Em A Fúria do Corpo, João Gilberto Noll rompe alguns padrões estéticos da literatura, e trabalha uma escrita que consegue expressar a fúria em que se encontra o corpo do narrador. O texto de Noll dentro do panorama da literatura nacional é inovador. Noll brinca com alguns conceitos como a verossimilhança, brinca com a palavra, com a composição dos personagens, e brinca com a literatura, de maneira séria, inteligente e eletrizante.

Um comentário:

Mácio Nunes Machado disse...

Parabéns! Escrita significativa sobre João Gilberto Nool.